Hoje é Dia Nacional do Poeta - Gonçalves Dias é um dos meus favoritos!!!






Antônio Gonçalves Dias nasceu no dia 10 de agosto de 1823 na cidade de Caxias, no Maranhão. Filho de um comerciante português e de uma cafuza (mestiça de negro e índio) maranhense.

O pai abandou a mãe, com quem vivia e não era oficialmente casado, por isso seus dois primeiros anos passou em companhia de sua mãe, enquanto o pai, envolvido nas lutas da independência a favor dos portugueses, foi obrigado a refugiar-se em Portugal.

Quando seu pai voltou, o menino passou a morar com o pai e sua nova mulher –ao que parece, a madrasta o acolheu com boa vontade, mas sem carinho. Iniciou, então, seus estudos no curso primário ministrado pelo Prof. José Joaquim de Abreu. A ausência de afeto tocou sua sensibilidade infantil, a tal ponto que mais tarde, já poeta, retornou vez por outra à infância, através de seus versos como "Minha Vida e Meus Amores".

O único ponto de apoio sentimental que tinha na época vinha do convívio com sua irmã Joana, filha da madrasta. A precocidade do menino de dez anos levou o pai a tê-lo como ajudante no comércio (caixeiro e auxiliar da escrituração). Contudo, a inteligência demonstrada pelo filho ia muito além da requerida pelo balcão.


E assim, não só o gosto pela leitura, como também a facilidade com que estabelecia contatos humanos através de seus dotes intelectuais, levaram seu pai a se preocupar novamente com seus estudos. Em 1835, foi desligado do comércio e matriculado no curso Prof. Ricardo Leão Sabino, onde aprendeu latim, francês e filosofia. Dois anos depois, acompanhou o pai a São Luís com destino a Portugal, onde teve que assistir à morte do genitor, fato que terminou com a viagem e levou-o de volta a Caxias.

Em 1838, apadrinhado por seu último mestre e por pessoas de destaque na Província, e com a ajuda financeira da madrasta, foi para Coimbra, onde deveria formar-se em Direito. Mas, depois de um ano, sua madrasta é impedida de auxiliá-lo porque seus bens tinham sido confiscados. Porém, graças à ajuda de amigos, entre eles Alexandre Teófilo de Carvalho Leal, Gonçalves Dias tem sua estada garantida em Coimbra, bem como a matrícula na Universidade em 1840. Através do grupo romântico português toma contato com poetas franceses e ingleses. Datam deste período suas primeiras composições, que coincidem com suas primícias amorosas, já caracterizadas por sua inconstância. Depois de oito anos, formado em Direito, retorna a sua cidade no Maranhão em 1845, mas não se adapta à terra natal: sofre, durante um ano, incompreensões e calúnias por causa de seus modos galantes aprendidos na Europa. Estimulado por Teófilo de Carvalho Leal, seu fiel amigo, segue para o Rio em 1846, ainda em meio a precariedades financeiras. No ano seguinte, publica Primeiros Cantos, em cujo prólogo critica suas próprias composições: "Escrevi-as para mim, e não para os outros; contentar-me-ei, se agradarem; e se não... é sempre certo que tive prazer de as ter composto." A obra é elogiada por Herculano, fato que por si só já lhe vale a consagração na época. Inclusive, com ela se patenteia e se consolida o Romantismo Brasileiro.

Em 1848, publica Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão. No ano seguinte, é nomeado Professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II, e em 1851 publica Últimos Cantos, encerrando, assim, a fase mais importante de sua carreira poética. Conhece a prima e cunhada de Teófilo, Ana Amélia, por quem se apaixonou e amou profundamente. Porém, a família tradicional e orgulhosa da namorada recusou o pedido de casamento porque não aceitava vê-la casada com um mestiço e, além disso, bastardo. O poeta, então, mesmo perdidamente apaixonado por Amélia, casou-se com outra, Olímpia Coriolana da Costa, moça de prestígio social na época, porém extremamente ciumenta. Segundo consta não foi muito feliz, o matrimônio tornou incompleto e irrealizado. Desiludido, decidiu tornar-se um boêmio. Em 1854, reencontra casualmente Ana Amélia em Lisboa (Portugal), já então casada com um comerciante português falido. Desse encontro resultou um dos seus mais belos poemas: "Ainda uma vez, adeus!". Depois disto, o poeta ainda continuou sua peregrinação amorosa, mas nem o que veio antes, nem o que viria depois, conseguiria atenuar-lhe o sofrimento e o amor por Ana Amélia.
Em 1862, viajou à Europa em busca de tratamento: além de problemas cardíacos, sofria de malária, hepatite e gastrite. Mesmo com sua saúde abalada, ele resolveu, anos mais tarde, voltar ao Brasil. Na viagem, porém, morreu no naufrágio do navio Ville de Boulogne onde viajava, em 1864, próximo ao Maranhão. Suas Obras: Poesia: Primeiros Cantos; Segundos Cantos; Sextilhas de frei Antão; Últimos cantos; Os timbiras. Teatro: Beatriz Cenci; Leonor de Mendonça. Outros: Brasil e Oceania; Dicionário da língua tupi. Bem, queridos leitores, ficamos por aqui. Deixo para vocês um dos poemas mais tradicionais e divulgados no Brasil. Todo aluno de qualquer escola brasileira deve conhecê-lo e saber recitá-lo de memória. Canção do Exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas* têm mais flores Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem plameiras, Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontroi eu cá; Em cismar - sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que eu não encontro por cá; Sem quinda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. (Gonçalves Dias – Coimbra, julho de 1843)




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