Alegre e entusiasmante, a dança cigana encanta. Mais que expressão da cultura de um povo, é um excelente exercício. Se você foge da academia e não pode nem ouvir falar em musculação, mexa-se de uma forma diferente. Movimentos ímpares e carregados de emoção fazem bem para o corpo e pra mente.
Estudos relatam a origem da dança cigana na Índia. Por serem nômades, os ciganos foram incorporando à dança, ao longo do tempo, elementos e influências de vários lugares. "No século XV chegaram à Andaluzia trazendo batidas de pé e palmas. Por onde passavam, adaptavam-se à forma tradicional da dança local, tornando a dança cigana uma união de muitas nações", explica a professora Mhelani Souza, da Escola de Dança Shiva Nataraj.
Espanhóis, hindus, árabes e russos são alguns dos povos que deram sua contribuição. Cada grupo de ciganos espalhado pelo mundo recebeu influências da cultura do país onde se fixou. Por isso, não espere semelhança quando assistir ao bailado de diferentes clãs, pois a dança de um é completamente diferente da realizada pelo outro. Mas uma coisa não muda: ela tem o poder de envolver o coração e a alma de todos os que participam, seja dançando ou assistindo.
Objetos simbólicos
As misturas de culturas são percebidas não só no ritmo, mas nos objetos usados pelos dançarinos. Lenços, echarpes, xales, leques, pandeiros, fitas, flores, punhal, tochas são alguns dos acessórios que dão ainda mais charme aos movimentos corporais. Os elementos costumam ter forte simbolismo e geralmente representam energias da natureza e traduzem mensagens.
As danças do leque, do pandeiro e da echarpe são as mais marcantes. A primeira é pura sedução, a segunda celebra a união - seja de amor ou amizade - e a última anuncia dia de festa. Violinos, sanfonas, pandeiros e violões ritmam as dançarinas que, com saias rodadas, bem coloridas e enfeitadas com muitas bijuterias, esbanjam liberdade em seus movimentos. Sorriso e olhar são outros elementos indispensáveis.
Autoconhecimento através da dança
Para os ciganos a dança é mais que uma expressão e vai muito além da alegria e da sensualidade: é uma atividade física. É possível, com ela, perder calorias em excesso e aumentar a capacidade respiratória. "A dança aumenta a flexibilidade física e mental, o tônus muscular, reeduca a postura e auxilia na coordenação motora", diz a especialista.
Porém, a dança cigana, além de trabalhar esses aspectos, busca integrar a mente ao corpo para que este se torne ainda mais saudável e equilibrado. De acordo com Mhelani, a dança propicia o autoconhecimento, a conscientização corporal, a sociabilização, despertando a sensualidade e a feminilidade, provocando uma energia de satisfação e poder aumentando a autoestima. "Aprendi a me conhecer, a me valorizar, a confiar mais em mim, de não ter medo de fazer as coisas, mas ter a certeza que devo fazer as coisas de coração", conta a analista de sistemas Ana Paula Ferrari.
Benefícios da dança
Não é difícil usar a dança cigana para se reequilibrar. "A dança envolve energias, sentimentos, emoções às vezes adormecidas e que se despertam num leve respirar. É necessário, então, equilibrar o corpo e mente através da dança, a forma mais prazerosa de equilíbrio, em minha opinião", diz Mhelani.
Ana Paula, de 29 anos, não demorou em constatar os benefícios da dança. "Em 2008, iniciei as aulas. Com certeza o que mais me chamou atenção e me fez ir atrás dessa cultura maravilhosa foi a alegria que nos é passada ao ver as pessoas dançando. Pude perceber que a alegria não é somente para quem assiste, mas é muito intensa para quem está dançando. Aprendi a descobrir sentimentos dentro de mim que estavam escondidos, a soltar a emoção e deixar que a música entrasse pelos meus ouvidos, passasse pelo meu coração e se mostrasse através dos movimentos do meu corpo, delicados, mas ao mesmo tempo fortes".
A bancária Paula Della Via, de 28 anos, é aluna desde 2007 e também sentiu uma enorme diferença depois que a dança cigana entrou em sua vida. "Os benefícios que percebi foram melhora na autoestima e confiança em geral, capacidade de utilizar a sedução como ferramenta na dança, sensibilidade e sensitividade, mais alegria de viver e para passar para o público que me assiste".
Sensualidade máxima
Normalmente, são as mulheres que buscam aprender os passos. "Algumas por questões de saúde, outras espirituais, outras ainda como forma de terapia, para conhecimento da cultura, amor ao povo cigano". Os motivos que levam aos rodopios podem ser muitos, mas não há como negar: elas buscam se tornarem mais sensuais. "A mulher cigana é muito sensual, logo a dança cigana desperta a sensualidade num piscar de olhos", constata Mhelani.
Na dança feminina, os movimentos são baseados da cintura para cima com mexidas de ombros, inclinação da cabeça, giro de punhos e mãos, postura ereta, braços à frente do corpo ou acima da cabeça e movimentos que completem sempre círculos, pois para os ciganos, a vida é um ciclo. Os homens também podem entrar nessa roda. "Neles são despertados a força e o poder, unindo as duas energias masculina/feminina (yin/yang) proporcionando o equilíbrio perfeito", diz a professora. Masculinidade à flor da pele!
Passional, a dança cigana não exige muita técnica, pois os movimentos são uma tradução do que manda o coração. Ela permite que cada pessoa expresse sua singularidade de forma única e incomparável. Por isso, não possui contraindicações, sendo praticada inclusive por crianças e idosos. "Para o povo cigano não há idade para ser feliz", finaliza Mhelani.
por: Carolina Mouta
1 Comentários- Comente!:
Oi, menina Linda!
ah mas tô indo te visitar agorinha mesmoooo...Estou pra lá de feliz em saber que adorou o meu blog, isso dá um novo ânimo!
É uma honra tê-la por aqui!
gde beijo
^^
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